sábado, 7 de fevereiro de 2015

Mundo Antigo

Mundo Antigo: Idéias musicais vigentes na Idade Média, Música hebraica: Salmodia, Léctio e Hinos




IDÉIAS MUSICAIS VIGENTES NA IDADE MÉDIA



A musica medieval data de 476 d.C. ate 1450 d.C. . A música mais antiga que conhecemos, tanto sacra como profana, consiste em uma única linha melódica, com uma textura do tipo que chamamos monofônica. Em sua primeira fase, a música religiosa conhecida como cantochão não tinha acompanhamento. Consistia em melodias que fluíam livremente, quase sempre se mantendo dentro de uma oitava e se desenvolvendo, de preferencia com suavidade, através de intervalos de um tom.  Os ritmos são irregulares, fazendo-se de forma livre, de acordo com as acentuações das palavras e o ritmo natural da língua latina, base do canto dessa musica. Alguns cantos eram expressos  de modo antifônico, isto é os coros cantavam alternadamente. Outros eram cantados no estilo de responsório, que se faz com as vozes do coro respondendo a um ou mais solistas.



Modos

A musica antiga empregou um sistema especial de escalas às quais se da o nome de modos. Cada modo medieval apresenta duas formas: uma autentica ( começa em uma nota e termina na mesma nota) e a outra plagal – a que tem o mesmo modo e o mesmo final, diferenciando-se apenas pelo fato de a serie começar uma quarta abaixo. Nesse caso, o prefixo “hipo” é acrescentado ao nome do modo.

Organum paralelo

As primeiras musicas polifônicas (com duas ou mais linhas melódicas conjuntamente) datam do século IX. Por essa época, os compositores partiram para uma serie de experiências, introduzindo uma ou mais linhas de vozes com o proposito de acrescentar maior beleza e refinamento a suas musicas. A composição nesse estilo é chamada organum e sua forma mais antiga é o organum paralelo, pois a voz organal a que foi adicionada tinha unicamente o papel de de duplicar a voz principal em um intervalo inferior de quarta ou quinta. 


Organum livre

Nos dois séculos seguintes, os compositores foram gradualmente dando alguns passos no sentido de libertar a voz organal de seu papel com cópia fiel  da voz principal. Por volta do século XI, além do movimento paralelo, a voz organal também usava o movimento contrario (elevando-se quando a voz principal baixava e vice-versa), o movimento obliquo (conservando-se fixa enquanto a voz principal se movia) e o movimento direto (seguindo a mesma direção da voz principal, mas separada desta não exatamente pelos mesmos intervalos). No organum livre a voz organal já aparece escrita acima da voz principal. É feita ainda ao estilo de nota contra nota. 


Organum melismático

No começo do século XII, esse rigoroso estilo de nota contra nota foi inteiramente abandonado, substituído por outro em que a voz principal se estia por notas do canto com longos valores. A voz principal passou, então, a ser chamada de tenor ( do latim tenere, isto é, manter). Acima das notas do tenor, longamente sustentadas,  uma voz mais alta se movia livremente, expressa por notas de menor valor que, com suavidade, se iam desenvolvendo. Dá-se a um melodioso grupo de notas cantado numa única silaba o nome de melisma, dai esse tipo de organum ser conhecido organum melismático. 


Organum de Notre-Dame

Mais tarde, ainda no século XII, Paris tornou-se um importantíssimo centro musical, desde que, em 1163, teve inicio a construção da catedral do Notre-Dame. Aí, as partituras de organum, com um grupo de compositores pertencentes à chamada “Escola de Notre-Dame”, alcançaram admirável estagio de elaboração. No entanto, apenas o nome de dois desses compositores chegou até nós: o de Léonin, que foi o primeiro mestre do coro da catedral, e o seu sucessor Pérotin, que trabalhou de 1180 ate meados de 1225. 





Motetos

No século XIII, as vozes mais altas das clausulae começaram a receber palavras independentes do texto. O duplum passou, então, a ser conhecido como motetus, assim origem a um tipo de música popular que foi chamada de moteto. Como muitas dessas composições foram elaboradas para serem cantadas fora das igrejas, passaram a serem usadas palavras seculares. Sobre uma clausula talvez tirada de um organum a duas vozes, acrescentava-se uma terceira voz (triplum), escrita com notas mais rápidas. Esta tinha palavras interiramente independentes, às vezes até em outra língua. É curioso observar que, que musicalmente o triplum poderia tanto ajustar-se ao tenor (agora mais tocado do que cantado) como o duplum, mas não precisava necessariamente adequar-se aos dois, do que por vezes resultavam conflitos dos mais dissonantes. É típico da Idade Media essa forma de construção musical em camadas, por vezes resultantes do trabalho de diferentes compositores.

Conductus

Outro tipo de musica que se popularizou com o s compositores de Notre-Dame foi o conductus, cântico de procissão usado para acompanhar o padre, conduzi-lo em seus mivimentos pela igreja. Ao elaborar um conductus, o próprio compositor, em vez de tomar emprestado do cantochão a parte do tenor, escrevia uma melodia própria. Sobre a parte do tenor, adicionava uma, duas, três a ate mais vozes, quase sempre ao estilo de nota contra nota. Diferente mente do moteto, o conductus usava o mesmo texto em tods as partes das vozes. Uma interessante invenção musical que surgiu sobretudo com o conductus foi a troca de vozes. Fragmentos de melodia ou mesmo frases inteiras são trocados pelas vozes. Por exemplo,  enquanto uma voz acha-se cantando AB, outra ao mesmo tempo esta cantando BA.  Tal como o moteto, o conductus saiu do interior das igrejas, secularizando-se como musica.

Danças e canções medievais

Em sua maioria, as danças e canções medievais são monofônicas (textura de uma linha só). Durante os séculos XII e XIII, houve intensa produção de obras na forma de canção, composta pelos troubadours, os aristocráticos poetas-musicos do sul da França, e pelos trouvéres, a contrapartida destes no norte. São duas palavras que estão associadas ao moderno verbo francês trouver, que significa descobrir.
                Eram melodias que davam clara ideia do tom, mas não dos valores reais das notas, que adivinham certamente do ritmo natural das palavras. Não existe qualquer informação sobre os instrumentos que deveriam acompanhar, mas é pouco provável que fossem cantadas sem acompanhamento. Também é possível que houvesse uma introduçaoe interlúdios entre os versos, executados por algum instrumento.
Dentre uma das mais conhecidas canções esta Kalenda Maya, musica que pode ser cantada em um tempo de dança bem ritmado. 


E dentre as  dos trouvéres  C’est  la fin : 



As formas mais populares da dança medieval foram a estampie (provavelmente dança sapateada) e o saltarello (dança saltitante). São musicas cosntruidas por partes, cada qual repetida uma vez. A parte antes de se fazer a repetição é chamada ouvert (aberta),  e a segunda vez em que é executada tem o nome de clos (fechada).  Tanto podia ser tocada por um ou mais instrumentos como por um grupo mais numeroso, com um ou dois solistas executando as partes iniciais para depois juntar-se os demais instrumentistas. 

Corneto:


feito de marfim ou madeira e guarnecido de couro; possuía bocal parecido como do trompete, mas com orifícios para os dedos com a fluta.



Saltérios:




dotado de cordas que eram tocadas com bicos-de-pena, um em cada mão. 

Charamela:




instrumento de sopro e palheta dupla, de grande sonoridade, um dos antepassados do oboé.  

Viela de Roda:




instrumento no qual uma roda movida a manivela fazia as cordas vibrarem, e um teclado em conexão com as cordas melódicas respondia pela diferenciação dos sons.

Guillaume de Machaut (c.1300-c. 1377)



O maior musico da Ars Nova foi o compositor francês Guillaume de Machaut, que escreveu grande numero de motetos e canções. Muitas de suas peças foram baseadas ou calcadas em cantochão, mas muitas outras foram livrementemcompostas, de modo que podemos considera-las inteiramente criadas por ele. Sua obra mais importante e de maior envergadura, a Messe de Notre-Dame, é uma mistura de dois estilos. Machaut foi o primeiro compositor de que se tem noticia a fazer um arranjo polifônico completo da missa, forma de composição que logo se tornaria da maior importância e continuaria a sê-lo nos séculos seguintes. Uma missa é composta de cinco grandes partes: Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus e Agnus Dei.

Um trecho (Kyrie) da missa de Notre-Dame de Machaut: 

John Dunstable (falecido em 1453)

Na primeira metade do século XV, muitos compositores do continente, como Dufay da Borgonha, não so admiravam como ate copiavam o estilo de compositores ingleses. Aqui damos a abertura de How fair thou art, um moteto composto por Dunstable. Melodia, harmonia e ritmo, tudo nele flui com facilidade e concorre para uma textura rica e sonora. As diversas vozes, em estilos de nota contra nota, estão entrelaçadas cuidadosamente, sendo as dissonâncias planejadas, e não obra do acaso.




* MÚSICA HEBRAICA: SALMODIA, LÉCTIO E HINOS

O povo palestino provavelmente não criou tanta música quanto os egípcios. A Bíblia contém a letra de muitas canções e cânticos hebraicos, como os Salmos, onde são mencionados harpas, pratos e outros instrumentos. A música no templo de Salomão, em Jerusalém, no século X aC, provavelmente incluía trompetes e canto coral no acompanhamento de instrumentos de corda.


Os hebreus eram um povo semita, originário da Mesopotâmia, que se estabeleceu em Canaã (Palestina), a Terra Prometida. Após uma grande seca em 1750 aC, os hebreus migraram para o Egito, onde conseguiram certa prosperidade. No entanto, posteriormente, foram escravizados pelos egípcios durante cerca de 400 anos.
A libertação do povo só ocorreu em 120 aC através do líder Moisés, assim, decidiram voltar para a Palestina. A saída do povo hebreu do Egito é chamada de Êxodo. No entanto, havia um problema: a região já estava habitada por diversos povos, como os filisteus, cananeus, etc. Em virtude dessa situação, o povo hebreu teve que reconquistar aquela região. Para isso, escolheram diversos juízes, líderes que exerciam a função de chefes militares, políticos e religiosos. Em 1030 aC, decidiram unificar toda a civilização sob o comando de uma só pessoa, optando pela Monarquia. O primeiro rei hebreu foi Saul, que acabou cometendo um suicídio. O rei posterior foi Davi, líder carismático, que promoveu o comércio na região e proclamou a cidade Jerusalém como capital do reino. Salomão, seu filho, possuía uma enorme habilidade política. Foi por meio de seu reinado que a civilização conheceu seu apogeu, com a realização de grandes obras. O período que vai desde o surgimento da civilização hebraica até o Êxodo é conhecido por Fase dos patriarcas; a fase de disputa pela região da Palestina é denominada Fase dos Juízes; já o período da Monarquia em diante é conhecido por Fase dos Reis. Conforme publicado no site http://www.historiadetudo.com/


Após o reinado de Salomão, inicia-se o declínio do Estado hebreu. Com o aumento dos impostos e a pobreza o reino foi dividido em dois Estados: Reino de Israel, ao norte; e reino de Judá, ao sul essa divisão recebeu o nome de Cisma. Porém não há melhora na vida dos hebreus, e eles se tornam um alvo fácil de seus inimigos. Os assírios conquistam o reino de Israel em 722 aC. o de Judá, é conquistado em 586 aC. pelos babilônicos. Quando os persas conquistaram a babilônia, o rei Ciro II permitiu o regresso do povo hebreu para sua terra. Posteriormente foram dominados pelos macedônios e romanos. Quando no ano de 70, os judeus se revoltaram contra o domínio romano, isso fez com que o imperador Tito destruísse Jerusalém e expulsasse os judeus da Palestina. E essa dispersão do povo judeu pelo mundo é chamada de Diáspora. Em 1948, a ONU criou o Estado de Israel e os judeus tiveram de volta seu território.
A economia dos hebreus era baseada na agricultura e na criação de animais. O comércio também teve um significativo crescimento durante os reinos de Davi e Salomão.
Os hebreus eram monoteístas, pois, acreditavam em um único Deus e sua maior herança foi a Bíblia Sagrada, base do Cristianismo, e seus aspectos éticos e morais.
Para Michels (2003) a Palestina mantinha um animado intercâmbio musical com os seus vizinhos, em particular com a Mesopotâmia e o Egito considerando que na própria Palestina predominavam as tribos fenícias e hebraicas.
O povo palestino provavelmente não criou tanta música quanto os egípcios. A Bíblia contém a letra de muitas canções e cânticos hebraicos, como os Salmos, onde são mencionados harpas, pratos e outros instrumentos. A música no templo de Salomão, em Jerusalém, no século X aC, provavelmente incluía trompetes e canto coral no acompanhamento de instrumentos de corda.
O aulos duplo (chirimia dupla) e o saltério (incerto) são exemplos de instrumentos de origem fenícia e certas combinações instrumentais parecem ter sido típicas: flauta dupla, lira e tambor com caixilho, um instrumento de sopro, um de corda e um de percussão respectivamente como descritos na figura A, extraída do Atlas de Música volume I.
A música hebraica desenvolveu-se durante as três grandes épocas constituídas pelos períodos nômades, dos reis e pós-exílio ou dos Profetas. Segundo Pöhlmann (2001), até o presente momento não há em língua portuguesa uma obra especializada sobre a Música Antiga.
Nos últimos 50 anos, a bibliografia tratando da atividade musical na Antiguidade recebeu um incremento bastante expressivo. Hoje, é possível encontrar, especialmente em língua inglesa e alemã, um bom-número de obras versando desde generalidades até as problemáticas mais pontuais desta matéria.
Neste início de século, Pöhlmann (2001) afirma que somos capazes de ouvir melodias legadas diretamente dos Antigos, e, mais, temos acesso ao modo como estes entendiam a sua própria produção musical (fruto do deciframento dos documentos remanescentes destas civilizações).
E continua afirmando que nunca antes tivemos tanto conhecimento sobre a música da Antiguidade: o que há pouco mais de um século eram especulações sem fundamentos factuais,
hoje, é uma ciência com resultados palpáveis: a Arqueomusicologia. É por essa razão que dependemos dos dados do Antigo Testamento e da sua interpretação.
Na época primitiva não havia músicos profissionais. O canto, a execução instrumental e a dança eram assunto de todos, mas, sobretudo das mulheres. A existência de coros alternados e de cantores está comprovada: Moisés e Míriam, por exemplo, eram os primeiros cantores respectivamente dos homens e das mulheres (Êxodo 15, 20)



Fonte: Atlas de música I

Existem “histórias da música” de tantas culturas com suas características particulares, como no caso das Civilizações Egípcia, Chinesa, Mesopotâmica e Hebraica que possuem uma música distinta e contrastante quanto a função, padrões e conceitos, bem como sistemas complexos e desenvolvidos enraizados na cultura desses povos como, por exemplo, as 72 escalas indianas Grout e Palisca(2007).
Os primórdios da música na Terra, conforme relato do primeiro livro da Bíblia parecem pobres e inadequados quando comparados com a música do Céu.
Mas, apesar de haver sido simples, a música é mencionada em Gênesis e a prática musical dos judeus influenciou os cânticos dos cristãos.
Para Grauman (1968) o pecado trouxera escuridão à vida dos primeiros habitantes do mundo. Muito da alegria da vida no Jardim do Éden havia se perdido nos penosos dias de trabalho e suor para arrancar do solo os elementos vitais. No entanto, a música vocal deve ter tornado mais leve o trabalho e colorido as horas de lazer das primeiras gerações. A música instrumental demorou mais, pois, foi na sétima geração depois de Adão – que, segundo a Bíblia, ainda vivia - que Jubal se tornou o criador da lira e do pífaro ou flauta. "E o nome do seu irmão era Jubal: este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão." Gên. 4:21. Segundo Grauman (1968) a Jewish
Encyclopedia (Enciclopédia Judaica) define Jubal, filho de Lameque, como "o pai ... da classe dos músicos, o fundador da música, o inventor do kinnor ou lira e do ugab ou flauta. Vale ressaltar que o nome Jubal sugere· igualmente a palavra hebraica - - que significa “O chifre do carneiro - busina, e portanto música." Segundo Michels (2003) talvez também o shofar (jovel) um corno (de carneiro) sem embocadura, para determinados sinais no serviço religioso, dele descenderam os violinistas e os flautistas, segundo a tradução de Lutero sendo o Kinnor, traduzido por harpa, era o instrumento do rei David. Na verdade, trata-se de uma lira portátil hebraica de 5 a 9 cordas, semelhante às que foram encontradas na Assíria. Nessa época, dos Reis, o instrumento preferido para acompanhar o canto no Templo. O Ugab era uma longa flauta vertical, de timbre sombrio, talvez também tenha sido um instrumento da família do clarinete ou do oboé. Pertencia à esfera popular e pastoril e não era utilizado no Templo. Existe também a Chazozra que são trompetes de prata utilizadas no Templ., Conservaram-se muitos exemplares bem como reproduções desses instrumentos, conforme se pode verificar na figura C.
O tof é um antigo tamborim hebraico segundo o modelo mesopotâmico, tocado principalmente por mulheres, e os pa'amon, que são sinetas dos príncipes tribais.
Na época dos reis acrescentam-se novos instrumentos vindos do exterior, trazidos pelas mulhe-res estrangeiras de Salomão. Uma delas, filha de um faraó, trouxe consigo grande número de instrumentos egípcios; a chirimia dupla que pode ser conhecida também por flauta fenícia como se vê na figura A e a nevel ou nabla como harpa angular. O asor é um instrumento de cordas, semelhante à citara, também ele de origem fenícia (saltéríol).
Nesta época surgiu a profissão de músicos do serviço do Templo, os levitas que constituíam coros e orquestras muito numerosas (Crônicas II, 5, 12-14); eram formados nas escolas do Templo e tinham uma organização profissional.
Na época da divisão do reino desenvolveram-se cada vez mais, em vez da poderosa música instrumental, as formas vocais do canto falado da sinagoga (canto litúrgico). O modelo e o culminar do gênero foram os Salmos do Rei David.
Aqui também há dificuldade em se encontrar referências e anotações de melodias. Presume-se que resquícios desta tradição oral ainda hoje se mantêm em certas regiões isoladas da África do Norte, do lémen, da Pérsia, da Babilônia e da Síria onde foram recolhidos por etnomusicólogos e por investigadores da música litúrgica hebraica.
Grauman (1968) cita que as notas da música não foram escritas e preservadas, mas, os judeus são um povo que se agarra às suas tradições e seja nos costumes, na História ou na música elas perduram com poucas modificações de geração em geração.
Há uma melodia preservada pelos ashkenazins, judeus cujos antepassados haviam estado localizados entre os povos teotônico e eslavo, que é usada quando a lição do dia é o "Cântico de Moisés;" é a seguinte:






Na liturgia distinguem-se três estilos de canto: a salmodia, a lectio e a himnodia.
A salmodia (recitação de salmos): a música segue a estrutura de um versículo dos Salmos, isto é, transpõe o versículo falado para uma determinada fórmula melódica, a fórmula dos Salmos conferindo-lhe um caráter festivo e exótico por meio da entoação. As palavras determinam o ritmo da sucessão de sílabas e de sons no tom de recitação a que se chamou tuba ou shofar. O início, meio e fim das frases são sublinhados por melismas de várias notas: uma subida melódica no princípio (mais tarde, initium), uma inflexão semicadencial sobre a nota vizinha com prolongação e cesura no meio (mediatio) e uma descida até à nota fundamental para concluir. Originalmente, os Salmos cantavam-se de maneira antifonal (época dos reis) e, mais tarde, de maneira
responsorial o que significa que se deixaram de alternar as duas metades de um coro mas que os versículos do salmo eram recitados por um solista e que um coro lhe respondia com interpelações (salmodia solista com aclamações corais como Amém ou Aleluia).
A lectio (leituras): a leitura da prosa bíblica e as orações também passaram a ser executadas num canto semelhante à linguagem falada (o que está documentado desde o séc. V a. C.). Este canto falado destaca o início e o final das frases, as cesuras e as passagens particularmente importantes através de acentos exclamativos. Caracteriza-se pelos melismas ornamentais e expressivos, que, seguindo certas fórmulas, animam a apresentação, sempre solista, das leituras.
A Lectio Divina, que literalmente significa "leitura divina", é uma prática antiga de rezar as escrituras da Bíblia.
Durante a Lectio Divina, a pessoa ouve o texto da Bíblia com os "ouvidos do coração", como se estivesse em diálogo com Deus, e Deus estivesse sugerindo temas para discussão. O método da Lectio Divina inclui momentos de leitura (lectio), reflexão (meditatio), respostas (oratio) e descanso (contemplatio) com a Palavra de Deus com o objetivo de nutrir um relacionamento e aprofundamento com o Divino.
Como Oração Centrante, a Lectio Divina cultiva a oração contemplativa. Porém, ao contrário da Oração Centrante, Lectio Divina é uma prática participativa, ativa que utiliza pensamentos, imagens e ideias para entrar em uma conversa com Deus e é diferente de apenas ler a Bíblia para a edificação ou incentivo, estudo, oração e as Escrituras em comum, que são úteis, mas que são práticas distintas.
Lectio Divina é uma prática antiga da herança cristã contemplativa. Foi feita uma prática regular nos mosteiros pelo tempo de São Bento, no século VI. A prática da Lectio Divina clássica pode ser dividida em duas formas: monástica e escolar. A forma escolar foi desenvolvida na Idade Média e divide o processo de Lectio Divina em quatro etapas hierárquica consecutivas: ler, refletir, responder e descansar. A forma monástica de Lectio Divina é um método mais antigo em que a leitura, refletindo, de responder e de descanso são vivenciadas como momentos ao invés de etapas de um processo. Nesta forma, a interação entre os momentos é dinâmica e o movimento através de momentos segue o espontâneo impulso do Espírito Santo. Para permitir essa espontaneidade a Lectio Divina foi originalmente praticada em privado.
O atual ressurgimento da Lectio Divina se deve ao Concílio Vaticano II e o ressurgimento da dimensão contemplativa do cristianismo. Hoje a Lectio Divina é praticada nos mosteiros e por leigos em todo o mundo. Novas práticas também foram inspiradas pela antiga prática da Lectio Divina, como rezar as escrituras numa experiência de grupo de oração. Embora o método da Lectio Divina tenha tomado formas diferentes ao longo dos séculos, o objetivo continua o mesmo: entrar em uma conversa com Deus e cultivar o dom da contemplação.


Lectio Divine
Fonte: contemplativeoutreach

A himnodia (canto de hinos): a repetição estrófica de melodias depende da estrutura do texto, desenvolveu-se, possivelmente, a partir da salmodia, e converteu-se numa forma típica do canto comunitário cristão.
Para que se compreenda de maneira clara a literatura hinária não se deve esquecer o quanto esta foi receptora das influências judaicas. O Antigo Testamento traz inúmeros exemplos nesse tocante que podem servir de base para recriar-se tal ambiente.
A música judaica no Israel Antigo, mais do que uma manifestação de louvor, era também uma forma de educar religiosamente uma população que possuía uma cultura oral muito forte. Em um ambiente onde apenas uma pequena porcentagem da população possuía o conhecimento da leitura, uma das melhores maneiras de se educar o povo no aspecto religioso e fixar ideais nacionais como parte da consciência coletiva era por meio da música.
Segundo Vieira (2008) pode-se perceber que os termos “música”, “canção”, “cântico” e “hino”, são utilizados praticamente todas às vezes como sinônimos. Independentemente da semântica dos termos, o objetivo é a relação que possuíam no culto judaico e cristão primitivo. Sempre quando apresentado no Antigo Testamento ou nas poucas passagens no Novo Testamento um registro referente à música, existia por trás disso um texto hinário utilizado no culto. Por isso, estes termos chegam a se confundir ao fazer uma análise superficial de um pequeno processo ritualístico que se iniciava com um texto escrito e terminava com diversas formas de cantoria. No verbete “música” do Dicionário Ilustrado das Religiões (2001) apud Vieira (2008), o termo está associado a canto, utilizado como um “elemento importante nas cerimônias religiosas de muitas culturas”. Na Bíblia Hebraica são várias as passagens que fazem alusão a estes termos como que relacionados. A palavra “hino” deste mesmo dicionário se define como um “cântico de festa e louvor”. Assim, a estreita linha entre estes termos na hora de sua aplicação resulta ser desnecessária a diferenciação etimológica na sua utilização.
Os registros relacionados à música no Antigo Testamento não se limitam apenas à música sacra, mas abrangem também referências à música secular. Os cantos seculares, assim como no caso dos sacros, eram direcionados a situações diversas. Muito provavelmente, o cântico da vinha e o da prostituta registrados em Isaías, parecem ser exemplos de hinos seculares. O Cântico dos Cânticos, um livro completo de poesia amorosa profana que ganhou canonicidade, chegou a tal ponto graças a leitores posteriores que o apresentaram como um texto religioso, atribuindo-o ao rei Salomão.
É bastante complicado saber sobre a função destes hinos dentro da comunidade. Afirma-se que uma parte destes era diretamente dedicada ao culto litúrgico comunitário. Por exemplo, com uma leitura atenta, é possível perceber que o hino 21 de Hodayot (hinos de ação de graças) certamente refere-se à Renovação da Aliança, enquanto o 22 era utilizado na entrada de um novo convertido à comunidade. Entretanto, outros hinos, aqueles que se apresentam claramente como fruto de elucubrações sapienciais particulares dos poetas qumrânicos, têm probabilidade maior de não terem sido utilizados no culto comunitário. Qumran tornou-se célebre em 1947 com a descoberta de manuscritos antigos que ficaram conhecidos como os Manuscritos do Mar Morto.
Segundo Martínez(1994) apud Vieira(2008), mesmo a divisão entre os hinos que são particulares ou comunitários é difícil conceber. Embora isso seja um fato, a maior parte dos estudiosos prefere acreditar que todos os hinos eram utilizados nos cerimoniais, já que abarcavam um conteúdo comum para a comunidade. Sobre a função teológica deste material hinário, pode-se dizer que tinham importância próxima a algo místico, em que era reconstruído um modelo celeste de adoração dentro da comunidade na hora da comunhão, cujos hinos tinham uma função especial dentro desse ritual. Uma espécie de “êxtase” espiritual descreveria asituação dos concrentes no momento da reunião. Não algo próximo aos ritos ditos “primitivos” normalmente usados como exemplo, mas uma experiência “racional” e regrada que os levava à ascensão espiritual.
Salmodia: Chama-se salmodia, do grego, psalmos e odé (canto), sobretudo ao modo de cantar ou recitar os Salmos. Embora também se denomine assim ao conjunto dos salmos de um dia ou de uma hora determinada.
Os salmos podem recitar-se de diferentes maneiras, de acordo com o gênero literário ou a extensão de cada um, conforme a recitação é feita em latim ou em vernáculo, e principalmente consoante o modo de celebração, quer dizer, se é feita por um só, por vários ou com o povo reunido em assembléia. Os salmos não se empregam como se fossem uma determinada quantidade de oração, mas sim tendo em vista a variedade e as características peculiares de cada salmo. A finalidade da salmodia é sempre espiritual e pastoral; o antigo psallite sapienter, cantar os salmos saboreando-os espiritualmente.
Os vários modos que se empregam são:
• antifónico, entre dois coros;
• responsorial, quando a comunidade responde com um estribilho às estrofes cantadas por um solista;
• directo, quando o solista ou a comunidade recitam o salmo todo seguindo sem alternância;
• litânico, quando o próprio salmo contém uma resposta, muito repetida e breve, aos versículos recitados pelo solista;
• dialogado, se o salmo se presta a que dois ou mais actores personifiquem os vários personagens do poema.
O canto sem acompanhamento é parte da Liturgia Cristã desde os primórdios da Igreja. Até a metade da década de 90 (séc. XX), foi bem aceito que a oração dasalmodia judaica antiga teve influência significativa e contribuiu para o ritual cristão antigo, bem como com sua música. Essa visão, no entanto, não é bem aceita pelos estudiosos hoje em dia, pois as analises mostram que muitos dos antigos hinos cristãos não tinham os salmos como texto, e que os salmos não eram cantados nas sinagogas nos séculos depois da destruição do Segundo Templo (70 D.C.). No entanto, antigos ritos cristãos não incorporaram elementos do serviço litúrgico judaico que sobreviveu na tradição de canto posterior. As Horas Canônicas tem suas raízes na oração das horas judaicas. O Amen e o Alleluia vem do hebreu, e o Sanctus deriva do “kadosh”, parte do Kedusha. 
O Novo Testamento menciona o cantar de hinos durante a Última Ceia: “quando eles cantavam o hino, eles saíram para o Monte das Oliveiras” (Mt 26,30). Outras testemunhas antigas, como o Papa Clemente ITertulianoSanto Atanásio, eEgeria confirmam a prática, embora de forma poética ou obscura nos trazem uma pequena luz sobre a forma como a música soava nesse período. A canção grega do terceiro século, o hino Oxyrhynchus, sobreviveu com notação musical, mas a conexão entre esse hino e a tradição do cantochão é incerta.
  Os elementos musicais que poderiam ser usados no Rito Romano começaram a aparecer no terceiro século. A Tradição Apostólica, atribuída ao teólogo Hipólito, atesta o canto dos salmos Hallel com o Alleluia como refrão, nas primeiras festas deÁgape Cristãs. Os cantos do Ofício, cantados durante as horas canônicas, tiveram suas raízes no início do século IV, quando os monges do deserto seguiam S. Antonios (S. Antão), que introduziu a prática da salmodia contínua, cantando o ciclo completo dos 150 salmos semanalmente. Por volta de 375, a salmodia antifonal tornou-se popular na Páscoa Cristã; em 386, Santo Ambrósio introduz essa prática no Ocidente
 Himnodias e salmodias – A música erudita no ocidente começa com a proliferação das comunidades cristãs, entre os séculos I e VI. Suas fontes são a música judaica (os Salmos) e a música helênica sobrevivente na antiga Roma. As principais formas musicais são as salmodias cantos de Salmos ou parte de Salmos da Bíblia e himnodias, cantos realizados sobre textos novos, cantados numa única linha melódica, sem acompanhamento. A música não dispõe, então, de uma notação precisa. São utilizados signos fonéticos acompanhados de neumas, que indicam a movimentação melódica.
 Canto Gregoriano: Sua origem está na salmodia judaica, mas as primeiras partituras que se conservam foram escritas no Renascimento Carolíngio, no final do século IX.
As Horas Canônicas ou Horas Canónicas (em latimDivinum Officium) são antigas divisões do tempo, desenvolvidas pelo Cristianismo, que serviam como diretrizes para as orações a serem feitas durante o dia. Um Livro das horascontinha as horas canônicas. A versão atual das horas na Igreja Católica de Rito Latino é chamada Liturgia das Horas (LatimLiturgia horarum). Na Igreja Cristã Ortodoxa e entre os Católicos Orientais, as horas canônicas podem ser chamadas deServiço Divino e o Livro das horas é chamado de Horologion.
A prática das orações diárias surgiu da prática judaica de recitar orações em horas fixas do dia. Essa prática foi passada para os Apóstolos, com diferentes práticas surgindo em diferentes lugares. Quando a vida monástica se espalhou pela Europa, a prática de horas de oração específicas e formatos litúrgicos especiais se tornou padronizada.
Já bem estabelecidas no século IX, essas práticas diárias consistiam de oito preces diurnas e três (ou quatro preces noturnas (vigílias). A prática ainda é observada por muitas Igrejas, incluindo a Católica, a Ortodoxa e a Igreja Anglicana. São Bento determina na Regra para os seus monges sete horas canônicas, seguindo o que diz o Salmista: "Louvei-vos sete vezes por dia" (Sl 118.164). Essas horas canônicas são as Matinas, Prima (hoje, Laudes), Terça, Sexta, Noa, Vésperas e Completas. Terça (9h), Sexta (12h) e Noa (15h) evocam cada uma um acontecimento do Evangelho ou dos Atos dos Apóstolos.
Matinas: ofício da leitura.
Laudes: "Segundo uma venerável tradição de toda a Igreja, as Laudes, como oração da manhã, e as Vésperas, como oração da tarde, constituem como que os dois pólos do Ofício cotidiano. Sejam consideradas como as horas principais e como tais sejam celebradas" (SC n. 89a.). Esse louvor da manhã consagra os primeiros momentos do dia a Deus. Após as trevas da noite, renasce um novo dia, lembrando a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, "luz verdadeira que ilumina todo homem" (João 1:9) e "Sol de justiça que nasce do Alto" (Lucas 1:78). Por isso se inseriu o Cântico de Zacarias (Benedictus) nesta hora canônica, pois uma de suas tônicas é a glorificação do Senhor que obteve a vitória sobre a morte.
Terça (Hora intermédia): recorda a vinda do Espírito Santo sobre os discípulosreunidos com Maria no cenáculo (Atos 2:15). Conforme Marcos 15:25, é a hora dacrucificação de Jesus.
Sexta (Hora intermédia): lembra a hora em que Pedro saiu no terraço para rezar e teve uma visão. Conforme Mateus 27:45, é a hora da agonia de Cristo na Cruz.
Noa (Hora intermédia): lembra a oração de Pedro e João no Templo, onde Pedro curou o paralítico,conforme Atos 3:1. Lembra também a morte de Jesus na Cruz, segundo Mateus 27:46
Vésperas: As Vésperas recebem seu nome do astro luminoso Vésper (Vênus), que começa a brilhar logo que caem as trevas da noite. Celebradas à tarde, ao declinar do dia, conclui o dia e dá início à noite, agradecendo a Deus os dons por ele recebidos naquele dia. Elas lembram também que o cristão deve cultivar a esperança da vinda definitiva do Reino de Deus, que se dará no fim da jornada deste mundo, quando habitará a Jerusalém celeste, onde não se precisará mais da lâmpada nem da luz do sol. Os cristãos celebram as Vésperas, repetindo com osdiscípulos de Emaús: "Permanece connosco, pois cai a tarde e o dia já declina" (Lucas 24:29). O Ofício de Leituras pode ser celebrado a qualquer hora desde o anoitecer até o fim do dia seguinte. A característica desse Ofício é que nele podem os cristãos escutar mais longamente a Palavra de Deus e ter contato com os autores de espiritualidade tanto antigos como modernos, além de diversos documentos da Igreja.
Completas: deve-se rezar antes do repouso da noite. Nesse momento, faz-se um ato penitencial pelas faltas cometidas naquele dia e a salmódia exprime a confiança no Senhor: o sono da noite, que lembra o sono da morte, leva o cristão a se entregar e abandonar-se ao Senhor antes do repouso noturno.
A música erudita no ocidente começa com a proliferação das comunidades cristãs, entre os séculos I e VI. Suas fontes são a música judaica (os Salmos) e a música helênica sobrevivente na antiga Roma. As principais formas musicais são assalmodias, cantos de Salmos ou parte de Salmos da Bíblia, e himnodias, cantos realizados sobre textos novos, cantados numa única linha melódica, sem acompanhamento. A música não dispõe, então, de uma notação precisa. São utilizados signos fonéticos acompanhados de neumas, que indicam a movimentação melódica.






* IMAGENS
























* REFERÊNCIAS


Bennet, Roy. Uma breve historia da musica - Rio de janeiro, 1986
História da Música Ocidental - Grout e Palisca; 2007

GRAUMAN, H.G. Música em minha bíblia. Casa Publicadora Brasileira- São Paulo 1968
MICHELS, U. Atlas de Música I, Lisboa, Gradiva, 2003
VIEIRA, F. M. Os manuscritos do Mar Morto e a gênese do cristianismo. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Ciências e Letras de Assis – Universidade Estadual Paulista. Assis, 2008122 f. il. 
http://dc189.4shared.com/doc/llBmD2FJ/preview.html
http://www.spectrumgothic.com.br/musica/medieval.htm

http://lectiodivina.catholique.fr/, acesso em 09/11/2011

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http://www.contemplativeoutreach.org/site/PageServer, acesso em 09/11/2011
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http://www.bibliacatolica.com.br/blog/outros/canto-gregoriano-continua-sendo-o-canto-oficial-da-liturgia
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Horas_Can%C3%B4nicas
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http://pqpbach.opensadorselvagem.org/

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