segunda-feira, 22 de junho de 2015

História da Música Brasileira de 1500 até 1963.

Por : Fernando Cayres Morino

Período Colonial
           A música indígena já existia no Brasil quando os portugueses desembarcaram no país, em 1500 era do descobrimento do Brasil, em abril desse ano chega à esquadra portuguesa de Pedro Alvares Cabral em missão colonizadora, na futura Bahia. Provavelmente os índios excedem dois milhões de habitantes. As músicas das muitas tribos são executadas em solos e coros, acompanhados pela dança, bater das palmas, dos pés, flautas, apitos, cornetas, chocalhos, varetas e tambores.
            Em 1538 na Era da economia colonial e das capitanias hereditárias, chegam os primeiros escravos trazidos da África para trabalhar na lavoura de algodão, tabaco e cana-de-açúcar. Até o final do período de tráfego de escravos, em 1850, eles chegaram 3 milhões e meio no Brasil, trazendo suas músicas, danças, idiomas, macumba e candomblé - criando a base primordial de uma nova etapa fundamental na história inicial da música brasileira.
            Após 1549, ano de fundação de Salvador (BA), da instalação do Governo Geral e da chegada dos primeiros Jesuítas acompanhados do primeiro Governador Geral, Tomé de Souza (1549), e foram os primeiros professores de música no Brasil, onde desenvolveram uma educação musical voltada a servir os interesses da Igreja e da Coroa de Portugal.           Nessa época as colonizações portuguesa e espanhola deram ênfase ao processo de exploração. Em 1552 o Bispo Dom Pedro se Sardinha, trouxe o Mestre de Capela Francisco Vaccas para integrar a formação da primeira Escola da Companhia de Jesus, fundada em São Paulo em 1554 pelo Padre Manoel de Nóbrega, e seguido pelo Padre José Anchieta, ambos foram considerados expoentes importantíssimos com seus trabalhos educacionais no Período Colonial. Em 1555 O Auto da Pregação Universal, é considerada a primeira peça musical brasileira, no mesmo ano Anchieta fundou o primeiro teatro no Rio de Janeiro. De 1564 a 1605 autos envolvendo música vocal, instrumental e dança foi realizada no Brasil.
                No ano de 1600 aproximadamente os índios são praticamente dizimados pelos colonizadores portugueses, bandeirantes e contendores europeus, a música indígena e seus instrumentos influenciam fortemente na música brasileira.
     A invasão holandesa em Pernambuco em 1630, nessa fase a cultura musical africana dos escravos negros é preservada e desenvolvida através dos Quilombos, sendo o de Palmares, no interior do Estado de Alagoas, historicamente o mais importante, que durou um século, após ser destruído em fevereiro de 1694, por tropas do bandeirante Domingos Jorge Velho, após sete anos de ataques ininterruptos. O grande líder do Quilombo de Palmares é Zumbi, morto no ano seguinte. Surgem às primeiras novas formas de uma música afro-brasileira, que desenvolveria o afoxé, jongo, lundu, maracatu, maxixe, samba e outros gêneros futuros.
             Capital da colônia a cidade de Salvador seguiu a tendência portuguesa de reunir as pessoas ligadas à arte e cultura era o caso da Academia Brasílica dos Renascidos (1759), neste ano foi composta a cantata Herói Egrégio, dolto, peregrino em homenagem ao seu fundador e presidente o desembargador José Mascarenhas de Mello, essa cantata é primeiro manuscrito de canção profana produzida no Brasil.
     Na Bahia os compositores Frei Augustinho de Santa Monica e Caetano de Mello Jesus fizeram da Igreja da Sé de Salvador um dos mais importantes centros brasileiros de música sacra, pode-se perceber a qualidade musical em uma obra chamada Memento Baiano para coro e orquestra.
    No ano de 1700, surgem no Rio de Janeiro e Bahia, as lendárias e divertidas músicas de barbeiros. São pequenos grupos musicais compostos de escravos negros barbeiros com tempo disponível para se dedicarem ao aprendizado de velhos e desgastados instrumentos musicais que lhe são passados. Segundo estudiosos, essa seria a primeira verdadeira manifestação de uma música popular brasileira instrumental de entretenimento público. Essas pequenas orquestras ambulantes, também chamadas de 'charangas' ou 'ritmos de senzala’, muito requisitada para festividades e procissões como a do Domingo do Espírito Santo, tocavam flauta, cavaquinho, violas, rabeca, trompa, pistão, pandeiro, tamboril, machete, e interpretavam – muito à sua maneira livre – fandangos, dobrados, quadrilhas, lundus e polcas num repertório bem diverso. Da música desses deselegantes, mas charmosos barbeiros descalços, nasceriam os 'ternos', as bandas de coreto, os militares e o choro. Elas existiriam até meados do século seguinte.
    Surge até então o mais importante gênero musical em (1750) – a modinha –, criado em Portugal, e responsável pelos aspectos melódicos e românticos na música brasileira, de grande influência até a Nova República, no início do século XIX.
          A partir da década de 1770, com o avanço do processo de urbanização, intensifica-se a produção musical religiosa (lírica) na América Portuguesa, no Brasil, também importante para o futuro próximo da música popular, com vários autores nacionais como Inácio Parreiras Neves (1730-1791), Manoel Dias de Oliveira (1735-1813), José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746-1805), Francisco Gomes da Rocha (1754-1808), André da Silva Gomes (1752-1844) e outros. 
    O Marquês de Pombal em 1759 baniu os jesuítas do Brasil, e em 1763, a Capital foi transferida da Bahia para o Rio de Janeiro, o que contribuiu para o declínio do sistema de educação dos jesuítas. Em 1807, napoleão declarou guerra à Portugal, e Com João VI desembarca no Rio de Janeiro em março de 1808. Em 1813 o compositor e pianista austríaco Sigismund Neukomm que estabelece uma grande amizade com o Brasil, e o regente português Marcos Portugal desembarcaram no Brasil. A música sofre alterações com a reorganização da capela real. Com a chegada da Corte de D. João VI houve a apresentação de várias óperas italianas e dramas de teatro no teatro São João (1812) e logo em 1815 a escola de Belas Artes é fundada.
    Na cidade de São Paulo a música sacra era tão necessária que o bispo Dom Manoel da Ressureição trouxe para cá em 1774 o jovem compositor português André da Silva Gomes para ser o Mestre de Capela da Sé, ele viveu até os 92 anos, criando uma música repleta de elementos melódicos da ópera. Outro grande legado desse compositor foi a formação de compositores e músicos.
            O Mestre da Capela Real, Padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) dirige as estreias brasileiras do Réquiem de Mozart (1819) e de a Criação de Haydn (1821), também escreveu o Compêndio de Música e o Método para Piano forte, pouco antes de passar a primeira lei oficial criando um curso de música em 1818). Ele foi o responsável por reger Te Deum, celebrada na Capela Real na chegada de D. João VI.
Período independente
            Em 1813, nasceu o Real Teatro de São João, que marcou a História do Brasil. Em 1824, com a presença do Imperador e da Imperatriz, foi promulgada a Primeira Constituição Brasileira, no mesmo ano (1824) o teatro pegou fogo. Foi reconstruído e reinaugurado em 1826, por D. Pedro I, quando passou a chamar-se Teatro São Pedro de Alcântara.
             Em 1821 Dom João VI retornou à Portugal e a educação musical ficou instável até a coroação de Dom Pedro II, em 1840. O período das regências (1831-1840) causou também instabilidade econômica além de política propriamente dita e, portanto, de grandes dificuldades para a execução e composição de música orquestral; no teatro e na igreja. Logo nesse período em 1841 o Teatro São João é incendiado pela segunda vez. 
            A música doméstica, basicamente constituída de canções acompanhadas ao piano e ou violão, recebeu considerável crescimento. Com a nova remodelação com as melodias profanas surgem os salões sociais, onde a sociedade mais fina se encontrava e realizava pequenos concertos antes dos bailes difundindo ainda mais a música no ambiente social.
              A partir de 1837 iniciou-se, no Rio, a publicação de árias, modinhas e Lundus em português, cujo estilo uniu a tradição luso-brasileira às novidades italianas e francesas, contando com autores como Cândido Inácio da Silva e Gabriel Fernandes da Trindade.
          Em janeiro de 1847 a primeira lei estabelece o conteúdo musical para a formação musical: (a) princípios básicos de solfejo, (b) voz, (c) instrumentos de corda, (d) instrumentos de sopro, e (e) harmonia. Em 17 de setembro de 1851, Dom Pedro II aprova a lei 630 estabelecendo o conteúdo do ensino de música nas escolas primárias e secundárias (Leis do Brasil, 1852, p.57).
               A partir de cerca de 1850, a música para teatro se reestabelece regularmente, mas a música religiosa entrou em acentuada decadência. Surgiram os compositores de música para piano e entrou em funcionamento o primeiro conservatório de música no Rio de Janeiro. O gênero musical que atraía a elite era a ópera, cujas partituras eram quase somente importadas. Em 1857, a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional com o objetivo de não ser dependente da importação de música, difunde a música até 1863, quando faliu, contribuindo com o surgimento de pelo menos três compositores de destaque: Elias Álvares Lobo (Itu, 9 de agosto de 1834 — 1901) foi um professor, regente e compositor erudito brasileiro, filho do Alferes José Manoel Lobo (dos Lobo de Albertim de Pernambuco) e da sua segunda mulher d. d. Tereza Xavier de Jesus. Foi autor da ópera A Noite de São João, a primeira ópera escrita e estreada no Brasil. Também foi autor de numerosas peças sacras e música de câmara, além de professor de música, havendo lecionado nas cidades de São Paulo, Itatiba e Campinas. Muitos de seus trabalhos musicais perderam-se e alguns foram restaurados apenas recentemente, entre esses o Oratório de Nossa Senhora da Conceição, recuperada pelo maestro Marcos Júlio Sergl, com a sua primeira execução pública em 2004.
             Henrique Alves de Mesquita (Rio de Janeiro, 15 de março de 1830 — Rio de Janeiro, 12 de julho de 1906) foi um músico brasileiro. Foi compositor, regente, organista e trompetista. É historicamente reconhecido como o criador da expressão "tango brasileiro", usando o nome de tango para designar um tipo de música de teatro ligeiro, conhecida entre os franceses e espanhóis como habanera ou havanera.
          Antônio Carlos Gomes (Campinas, 11 de julho de 1836 — Belém, 16 de setembro de 1896) foi o mais importante compositor de ópera brasileiro. Destacou-se pelo estilo romântico, com o qual obteve carreira de destaque na Europa. Foi o primeiro compositor brasileiro a ter suas obras apresentadas no Teatro Alla Scala. É o autor da ópera O Guarani. Com a Geração Carlos Gomes, surgiram os primeiros compositores profissionais brasileiros, e com o sucesso desse autor nacional que se tornara bem-sucedido no mercado musical europeu, pois no século XIX foram realizadas, na Europa, mais recitais de óperas de Carlos Gomes que de Richard Wagner.
  Foi em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, que liberdade total finalmente foi alcançada pelos negros no Brasil. Esta lei, assinada pela Princesa Isabel, abolia de vez a escravidão no Brasil. O primeiro passo foi dado em 1850, com a extinção do tráfico negreiro. Vinte anos mais tarde, foi declarada a Lei do Ventre-Livre (de 28 de setembro de 1871). Esta lei tornava livres os filhos de escravos que nascessem a partir de sua promulgação.
             A cidade do Rio de Janeiro é toda pavimentada para as festividades de seu IV Centenário, surgem no Rio de Janeiro, os teatros de revista - gênero que mistura teatro com música e dança, e que aborda os principais fatos da época de forma crítica, humorística, despojada e irreverente. O primeiro espetáculo do gênero - 'As Surpresas do Sr. José da Piedade', de autoria de Justino de Figueiredo Novais - estreia em 15 de janeiro de 1859, no Teatro Ginásio. Artur Azevedo (1855-1908) seria o maior nome do novo meio e responsável por dar ao gênero um estilo realmente brasileiro, consolidando-o já em 1880, quando se tornaria veículo importante de difusão da música popular nacional.
              O Maxixe: foi um gênero que surgiu no século XIX e acabou muito apreciado pelos espectadores do teatro musicado. Nasceu da mistura da “polca”, o gênero de dança e música europeu que arrebatou a juventude carioca no tempo do Império, com o lundu, gênero de dança e música cuja origem vem dos batuques dos negros escravos. O maxixe era dança de pares e seus passos foram considerados muito “indecentes” pela elite social. É que o maxixe era dançado em ambientes frequentados por pessoas humildes, geralmente trabalhadores, que criavam passos ousados, rebolados e principalmente enroscando as pernas e apertando o corpo do parceiro.
            Além da maestrina Chiquinha Gonzaga com o enorme sucesso de seu tango brasileiro "Gaúcho", outros grandes compositores maestros passaram pelo teatro de revista como Nicolino Milano, Paulino Sacramento, Antônio Sá Pereira, Sofonias Dornelas, Bento Moçurunga e outros. A partir de 1920, o gênero começaria a decaiu diante do rádio, dos cinemas-teatros e dos shows musicais propriamente ditos.
             Em 1922 a semana da Arte moderna traz Villa lobos onde foi brilhante com a primeira mostra de temas brasileiros, com instrumentos de percussão típicos do Brasil, um exemplo de estilo musical composto por ele foram os Choros, As Bachianas. Ele criou o canto orfeônico, pois ele queria que todas as escolas ensinassem canto-coral, nesse aspecto a música nas escolas foi muito incentivada e impulsionada.
  Fundada em 1928 no Estácio, a Deixa Falar é considerada a primeira Escola de Samba.  Os “bambas” do Estácio criaram um novo tipo de carnaval para tentar acabar com a violência nos blocos e cordões, reduto dos foliões afrodescendentes. “Os sambistas do Estácio estavam cansados de apanhar da polícia”, conta Maria Thereza, biógrafa de Ismael Silva, o mais emblemático desses “bambas”.
 Na Era Vargas (1930 – 1945), o decafonismo teve seu auge, o maior representante foi Koellreutler compondo com a escala de 12 sons, colaborou grandemente na pedagogia e estimulava a composição, fazia parte desse grupo Gerra Peixe, Eunice Catunda e Edino.

          Em 1963 surge a música nova eletroacústica. O Grupo Música Nova de São Paulo foi  outro movimento de renovação musical que demonstrou interesse em incorporar a utilização do meio eletrônico aos seus recursos expressivos nessa mesma data.


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